4.4.05

Post-it

O sr. Papa faleceu este Sábado às 20:37, hora de Lisboa. Paz à sua alma. The king is dead, long live the king, it's nice but it's not butter, sell the kids for food... etc.

Não sei bem o que me suscita uma ocasião destas, a sério. Mas prefiro pensar no seguinte:
Neste momento, o sr Papa já descobriu se aquilo em que acreditava era verdadeiro. Nesta altura, ele deve andar a passear por um jardim magnífico, numa cidade eterna, a reencontrar alguns dos seus antepassados. Voltou a ter o aspecto que tinha aos vinte e três anos. Jovem, forte, vivo. Nesta cidade toda a gente é jovem.
A comida e a bebida sabem-lhe melhor do que qualquer refeição que comeu durante a sua vida terrena. O vinho mata a sede, mas não o embriaga; a comida sacia-o, mas não enche. O doce não enjoa, o àcido não amarga e o salgado não causa sede.
O ar cheira a néctar e ambrósia. O céu tem um tom diferente e o pôr do sol não é avermelhado. A cidade tem uma praia interminável e está sempre calor, mas não é um calor insuportável. É como um eterno fim de tarde num quente dia de verão. E por toda a parte se vê adultos que brincam como crianças; não existe solidão. Os amigos estão sempre perto.
As pessoas existem num estado permanente de férias. Por todo o lado se juntam a cantar e a conversar amigavelmente. Ninguém tem casa própria, mas também não existem desalojados. Qualquer casa pertence a qualquer um.
Não existe tempo, ninguém se rege pelas horas. Ninguém envelhece. Ninguém tem de se levantar cedo no dia seguinte, porque não existe dia seguinte. É tudo agora e já.


Assim espero eu que seja, para valer a pena abandonar esta existência, que apesar de imperfeita, é a única que conhecemos.
Se assim não for, então que cada um consiga viver o melhor possível. É que Deus também comete erros. Afinal, fomos feitos à Sua imagem: imperfeitos.

Sem comentários: