20.3.11

E a lei, pá?

-----------
Artigo 57.º
Direito à greve e proibição do lock-out

1. É garantido o direito à greve.

2. Compete aos trabalhadores definir o âmbito de interesses a defender através da greve, não podendo a lei limitar esse âmbito.

3. A lei define as condições de prestação, durante a greve, de serviços necessários à segurança e manutenção de equipamentos e instalações, bem como de serviços mínimos indispensáveis para ocorrer à satisfação de necessidades sociais impreteríveis.

4. É proibido o lock-out.

----

Na passada semana, a greve dos camionistas ameaçou paralisar a maioria das estruturas comerciais dependentes das entregas dos pesados (nas gasolineiras chegou a haver rupturas de stock ou em algumas, limitações de abastecimento por cliente). No dia 12 de Março, perto de 300.000 pessoas saíram à rua, sem qualquer organização partidária, politica ou sindicalista protestar contra este governo.
No dia 24 de Novembro de 2010, foi convocada uma greve geral e aderiram cerca de 3 milhões de trabalhadores
Já há dois anos, a FENPROF convocou uma greve no sector do ensino, à qual aderiram 94% dos docentes por todo o país.

Nunca na história de Portugal, existiram tantas greves e manifestações públicas de desagrado para com as politicas deste estado.


Neste plano, qual é a função da Policia? Garantir a segurança pública, claro (daí a sigla PSP). No entanto, não é o que acontece.

Na cerne da greve dos camionistas, em Maia, as forças policiais fecharam o acesso a um espaço público de estacionamento, evitando o protesto dos trabalhadores (violação do ponto 1 do artigo 57º da constituição portuguesa). Já na greve promovida pela FENPROF, a polícia assediou os sindicatos e exigiu aos directores das escolas que registassem os professores em greve (violação do ponto 4 do artigo 57º da constituição portuguesa).
Quando Armando Ferreira, presidente do Sindicato Nacional de Polícia, lançou o primeiro pré-aviso de greve na histórias da PSP em Portugal, foi suspenso por 90 dias e instaurado um processo disciplinar, sendo que a justificação dada por Conde Rodrigues, secretário de Estado da Administração Interna, foi a de que "os polícias estão vinculados à função pública por nomeação, e não por contrato, o que faz deles um corpo especial sem direito à greve". No entanto, este senhor esquece-se de que a greve é um direito de todos os cidadãos. Um policia, antes de ser o ser, é um cidadão. A ordem publica não será alterada, quem a prejudica e altera é o estado corrupto e mentiroso.

Sendo este país um (suposto) estado laico, gostaria que se substituísse a bíblia pela constituição portuguesa. Os burros que habitam e governam este país e que gostam de falar mal dos sindicatos e das forças politicas que, de uma melhor ou pior forma, tentam prevalecer os direitos de quem trabalha, poderiam aprender alguma coisa.

14.1.11

Pirataria é democracia

Nos sécs. XVII e XVIII, com a Europa dominada pelo sistema capitalista até ao nariz. O comércio marítimo entre a Europa e as colónias completamente controlado pela burguesia, a exploração dos trabalhadores nos navios comerciais e a exploração e maus tratos dos marinheiros a bordo dos navios militares era atroz, tudo em nome no máximo lucro.

Esta situação levou ao inevitável, tanto o cinto apertou que rebentou. Os trabalhadores, espremidos até ao extremo da pobreza, falta de condições e salários miseráveis, revoltaram-se contra um sistema anárquico onde a única regra era o capital acumulado por uma elite toda-poderosa.

À opressão, aos maus tratos e à pobreza, estes indivíduos responderam com a democracia e a liberdade. Eles tomaram conta dos navios e toda a riqueza acumulada era dividida igualmente entre todos. O capitão era escolhido pela maioria e a qualquer momento podia ser substituído. Nos barcos que derrotavam, os outros marinheiros acabavam por se juntar a estes indivíduos devido a liberdade que se respirava ali.

4 Séculos depois a história repete-se. Mas a história não funciona como um círculo mas sim como uma espiral, repete-se mas em patamares evolutivos diferentes.
Novamente com o capitalismo a empurrar um cada vez maior número de trabalhadores para a pobreza e exploração, é também na internet, entre outros sítios, que novamente os piratas se erguem para lutar pela igualdade. A mercadoria em luta é cultura, cultura que numa sociedade capitalista é só para quem tem dinheiro, é só para a elite poderosa.

Assim temos os artistas. Os músicos, escritores, actores, etc. a preferirem que os seus filmes, livros, música não sejam vistos, lidos ou ouvidos. Antes nada que alguém o faça sem pagar. Sem que os editores fiquem com o seu quinhão de 80 ou 90%!
Talvez os artistas devessem ir buscar o seu dinheiro a esse quinhão, a quem fica com o dinheiro sem produzir nada, ao capitalista. O capitalista que agora, como sempre, não produzindo nada acumula para si a riqueza produzida pela sociedade em seu redor, sociedade que fica cada vez mais pobre, quanto mais a riqueza é acumulada nas mãos de um pequeno número de indivíduos.

É assim! Para a sociedade evoluir é preciso ruptura. Fazem falta os piratas, os revolucionários!

Vitória ou Morte!

5.1.11

Ponteiros laser e acasalamento

No mês de Dezembro que passou tive a sorte de ir a dois grandes concertos, os 30 Seconds to Mars (dia 16) e os Xutos & Pontapés (dia 31). Ambos muito muito bons.

Em ambos os concertos tive a oportunidade de reparar nos novos rituais de acasalamento gay masculino. Só pode ser, pois as mulheres não costumam ser assim tão estúpidas.

O que observei foi que no palco aparecia uma bolinha de laser que se mexia dum lado para outro, exibindo-se para um potencial parceiro. De seguida aparece outro ponto de laser também mexendo-se dum lado para outro, dizendo que já estava ali e disponível. Depois ambos os pontos mexem-se dum lado para outro exibindo-se um para o outro. E finalmente, depois de um longo período de brincadeira há um ponto que fica parado, o parceiro passivo, enquanto o outro gira à sua volta exuberantemente, o parceiro activo.

Não conhecia este novo modo de acasalamento virtual… Será como as abelhas? As voltas e abanões que o parceiro activo, e mais excitado, executa, servirão para indicar a direcção e a distancia que o outro tem que percorrer para encontrar a flor de onde poderá recolher o pólen e fabricar o doce mel?

Muito interessante!