13.5.05

"Apito Dourado: árbitro confirma prostitutas e aponta dedo a dragões

O árbitro Jacinto Paixão, arguido no caso de corrupção no futebol «Apito Dourado», confirmou quinta-feira a presença de prostitutas no seu hotel, após arbitrar o jogo FC Porto- Estrela Amadora, e apontou o dedo a dirigentes dos dragões.
«Quando chegámos ao hotel, estavam lá as senhoras. Três meninas que eu não sei quem lá as meteu. Eu corri com elas e, a partir daí, não sei o que se passou. Mas eu não tive relações sexuais. Pensava que tinha sido uma brincadeira entre amigos (durante a viagem, com os dois assistentes e outros dois indivíduos de Évora)», disse Jacinto Paixão, em entrevista à TVI.
O juiz eborense contou que, durante o percurso para o Porto, ele e os seus companheiros de viagem falaram sobre o recurso ao serviço de prostitutas, tendo alguém avançado com o nome do empresário António Araújo, ligado a negócios de jogadores com o FC Porto e igualmente arguido neste processo.
Na partida em causa, disputada a 24 de Janeiro de 2004, o FC Porto recebeu e bateu o lanterna vermelha Estrela Amadora, por 2-0, com dois golos do sul-africano Benni McCarthy, aos 30 e 49 minutos, embora o segundo tento tivesse sido obtido em posição irregular, no quarto minuto de compensação da primeira parte.
Após essa 19ª ronda da Superliga, os dragões mantiveram a vantagem de cinco pontos sobre o segundo classificado, Sporting, antes de uma decisiva visita a Alvalade, na jornada seguinte. Em caso de empate ou derrota com os amadorenses, a distância para os leões ficaria encurtada para três ou dois pontos, respectivamente.
«Reinaldo Teles estava no restaurante. Foi ele que nos levou. Quando acabou o jogo, disse para nós o acompanharmos e, depois do jantar, levou-nos ao hotel. Caí numa cilada, sem saber de nada», disse Jacinto Paixão, referindo-se ao responsável portista pelo departamento de futebol do clube azul e branco.
A operação Apito Dourado, cujas diligências mais visíveis começaram em 20 Abril de 2004, levou à constituição de cerca de 200 arguidos, incluindo o presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Valentim Loureiro, o presidente do FC Porto, Pinto da Costa, a presidente da Câmara Municipal de Leiria, Isabel Damasceno, além de outros árbitros e dirigentes do futebol português.
«Se eles (Pinto da Costa e António Araújo) combinaram alguma coisa, então que sejam punidos», disse ainda Jacinto Paixão. «Não tenho razões para me arrepender. Foi um jogo igual aos outros. Depois, na cassete, vi alguns erros que podiam ter sido colmatados, como o golo, em que havia fora-de-jogo, mas, lá dentro, não se pode ver tudo», acrescentou, sobre o FC Porto-Estrela Amadora.
Jacinto Paixão argumentou depois que não faria sentido beneficiar os dragões, uma vez que, com José Mourinho como treinador, os azuis e brancos já dispunham de «onze ou nove pontos de avanço sobre o segundo e o terceiro classificados», mas a equipa orientada pelo actual técnico dos ingleses do Chelsea só tinha cinco pontos a mais do que o seu perseguidor, Sporting.
Entretanto, a imprensa portuguesa noticiou no início de Abril o fim da fase de inquérito do processo «Apito Dourado», ao cabo de dois anos e um mês de investigação, realizada por 10 inspectores, tendo a PJ do Porto feito seguir os autos para o Tribunal de Gondomar.
Ao todo, terão sido ouvidas 370 testemunhas e realizadas mais de uma centena de buscas domiciliárias a empresas, clubes e residências, num processo com cerca de 15 mil folhas, que promete transformar-se num dos maiores casos que alguma vez chegará a julgamento."


O círculo aperta-se. Por acaso, andam muito caladinhos...
Se o Pinto da Costa for dentro (qual Bernard Tapie), abro uma garrafa de champagne só pela sua arrogância...

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