13.5.09

E agora, mais uma tentativa idiota dos ladrões do costume!

A pirataria existe e é uma ameaça bem real. Não, não estou a falar dos piratas somalis mas sim de um outro tipo de pirataria, também altamente censurável: A pirataria informática e/ou musical.

Vamos por pontos e entender bem com o que concordo e com o que discordo.

Sou contra a proliferação de intermediários (e são muitos) entre o artista que cria a obra (seja ela musica, cinema ou software), encarecendo o produto final.
Muitas bandas já aceitaram a internet como solução de divulgação e até comercialização do seu trabalho.
Em Outubro de 2007, os Radiohead lançaram o seu ultimo album em formato digital "In Rainbows" através do agora desactivado site www.inrainbows.com.
A ideia não era "dar" o album mas sim vender ao preço que o comprador achasse justo. Ao fazer o download, o utilizador tinha que colocar um valor (desde 0£) e só pagava um extra de 0.45£ (perto de 0.50) de despesas de cartão de crédito caso o valor fosse superior a 0.
Até ao fim do site em Dezembro de 2007, o valor médio de cada download atingiu as 4£ (perto de 4.46)
Duas semanas mais tarde, o album teve o seu lançamento físico e atingiu os 3 milhões de vendas em todo o mundo. Teve entrada directa para o número 1 no Reino Unido, França, Canadá, Irlanda e Estados Unidos e ganhou um Grammy para melhor album de música alternativa.

A ideia dos Radiohead com esta manobra, e explicado pelo vocalista da banda Thom Yorke, é dar a entender que, num mundo cada vez mais evoluido tecnologicamente e com a divulgação através da internet, as bandas não precisam de chulos intermediários para dar a conhecer a sua obra. Posso GARANTIR que teria muitos mais discos originais se cada vez que saísse um album novo não tivesse que desembolsar 18€...
Porque é que ao fim de 8 ou 9 meses, os CD baixam de preço consideravelmente...? Não é o mesmo conteúdo? O prazo de validade não expira...
Já agora, porque é que o novo album de Jason Mraz custa na Amazon 5.56€ e na Fnac custa 14.95€...?

Paulo Santos d'O Movimento Cívico contra a Pirataria na Internet (MAPiNET) acha que "o crime organizado está ligado à pirataria". O terrorismo está ligado directamente à pirataria... "Em Portugal, o MAPiNET e as entidades que estão no MAPiNET têm indicações claras de que há ligações perigosíssimas. E as autoridades sabem, porque participámos às autoridades" (Ena, obrigado! O que seria de Portugal sem vocês...?).
O Sr. Paulo Santos também deve achar que parte da crise que afecta Portugal é devido à Internet porque "Já fecharam mais de 80% dos videoclubes em Portugal", exemplifica Paulo Santos, que sublinha que estas cópias "normalmente incidem sobre filmes que ainda não estrearam sequer no cinema".
Antes demais, gostaria de saber em que dados se baseia o Sr. Paulo Santos. Moro numa grande cidade onde existem 5 ou 6 videoclubes e até hoje nenhum fechou...
Será que as empresas estão a fechar ou os bancos entram em colapso financeiro porque a internet distrai os seus trabalhadores...?

Não querendo abusar do tempo de antena dado a este senhor, gostaria de o corrigir numa coisa. Diz que quer que "a Internet deixe de ser a Aldeia de Asterix, que os romanos possam lá entrar e que se combata também o crime na Internet". Não sei se se recorda ou se lia os livros mas o prológo diz "Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor."


(agora vou fingir que sou mais despistado do que o costume)


Oh, espera! Será que o MAPiNET afinal é SÓ contra a pirataria e está a usar argumentos parvos como o terrorismo e a crise para fazer com que o português-parvo-que-engole-tudo deixe de acreditar no principio básico da internet baseado na divulgação de informação, liberdade de expressão, opinativo, consultivo, comunicação, diversão, entretenimento e outros mais...?

Para terminar, gostaria de perguntar ao Sr. Paulo Santos a razão porque não posso colocar comentários no site do MAPiNET...? Parece censura, não é...? Ou será para evitar que os terroristas coloquem comentários desagradáveis...?

1 comentário:

Pedro Rodrigues disse...

Só alguns comentários.

Se a pirataria afecta principalmente filmes que ainda não chegaram ao cinema, como afecta os videoclubes, que só recebem os filmes muitos meses depois? E não me parece que as salas de cinema estejam a fechar à maluca!

Estou de acordo com essa teoria do crime organizado, é só ver os ciganos a venderem filmes nas feiras... estão organizados, quando a policia ainda vai a 100m da feira, já eles estão a sair pelo outro lado! E também desconfio que são terroristas!

Essas informações do Sr. Paulo Santos, eu também vi num documentário no canal 2, mas era mais acerca da contrafação de malas e roupas, pois a pirataria na internet tem a vantagem que não dá lucros a ninguém... é de borla!

Desde o momento em que malas, roupa, relógios, etc., são fabricados em quase escravatura no sudeste asiático, até ao momento que são vendidas nas ruas de Manhattan, envolve desde crime organizado a corrupção de agentes alfandegários, agentes policiais etc. Isto sim! É pirataria e terrorismo. (Por falar em terrorismo. Nas condições actuais, Salgueiro Maia não teria sido considerado terrorista??)

Esta gente simplória faz uns cálculos simplórios! Se este sacou 20 álbuns da net, então perdemos 20X18€=360€. Esquecem-se que se não houvesse net, ninguém tem dinheiro pra comprar CDs, um no aniversário, e é com sorte! E o artista tinha a sorte de entrar na playlist da radio ou quase ninguém o ouvia!